Depressão é uma doença grave. Se não for tratada adequadamente, interfere no dia a dia das pessoas e compromete a qualidade de vida. Nos adultos, é mais fácil de ser diagnosticada. Com as crianças, é diferente, elas aceitam a depressão como fato natural, próprio de seu jeito de ser. Embora estejam sofrendo, não sabem que aqueles sintomas são resultado de uma doença e que podem ser aliviados. Calam-se, retraem-se e os pais, de modo geral, custam a dar conta de que o filho precisa de ajuda.
Os sinais mais significativos e mais frequentes na criança é a tristeza, irritabilidade, mau humor e a anedonia, que é a falta de prazer com as atividades habituais, como brincar, sair com os amigos, jogar videogame, ver TV etc.

Quais os sinais de uma criança com depressão?

A criança tem grande dificuldade para expressar que está deprimida. Primeiro, porque não sabe nomear as próprias emoções. Depende do adulto para dar o significado daquilo que se chama tristeza, ansiedade, angústia. Por isso, tende a somatizar o sofrimento e queixa-se de problemas físicos, porque é mais fácil explicar males concretos, orgânicos, do que um de caráter emocional.

Alguns aspectos do comportamento infantil podem revelar que a depressão está instalada. Por natureza, a criança está sempre em atividade, explorando o ambiente, querendo descobrir coisas novas. Quando se sente insegura, retrai-se e o desejo de exploração do ambiente desaparece. Por isso, é preciso estar atento quando ela começa a ficar quieta, parada, com muito medo de separar-se das pessoas que lhe servem de referência, como o pai, a mãe ou o cuidador. Outro ponto importante a ser observado é a qualidade de sono que muda muito nos quadros depressivos.

O que se tem percebido nos últimos anos é que a depressão, na infância, caracteriza-se pela associação de vários sintomas que vão além da ansiedade de separação.

Ocorre principalmente no ambiente escolar onde a criança sente-se sozinha, sem a companhia de defesa, os pais. Portanto, a criança pode estar dando sinais de depressão quando a ansiedade de separação persiste e ela reclama o tempo todo de dores de cabeça ou de barriga, nunca demonstrando que está bem.
O Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais determina a necessidade de identificar pelo menos cinco destes sintomas, com durabilidade de duas semanas, para comprovação do quadro.

Fique atenta a esses sinais para saber quando levar seu filho para uma avaliação profissional.

-Alteração de humor, com irritabilidade e / ou choro fácil;
-Ansiedade;
-Desinteresse em atividades sociais, como ir à escola, brincar com os amigos ou com brinquedos;
-Falta de atenção e queda no rendimento escolar;
-Distúrbios de sono, como dificuldade para dormir ou ter sono o dia inteiro;
-Perda de energia física e mental;
-Reclamações por cansaço ou ficar sem energia;
-Sofrimento moral ou insatisfação consigo mesmo, sentimento de que nada do que faz está certo;
-Dores na barriga, na cabeça ou nas pernas;
-Sentimento de rejeição;
-Condutas antissociais e destrutivas;
-Distúrbios de peso, emagrecer ou engordar demais;
-Enurese e encoprese (xixi na cama e eliminação involuntária das fezes).

Essas são algumas dicas para que os pais fiquem alerta a esses comportamentos, lembrando que somente esses itens não concretizam um diagnóstico. Mas é o primeiro passo de identificação para que os pais procurem um profissional e iniciem o processo de terapia. As taxas de suicídio na vida adulta estão aumentando cada vez mais, e essas crianças de hoje serão os adultos do futuro. Vamos diminuir esse índice do futuro, desde já trabalhando essas crianças para serem adultos felizes e bem resolvidos.

Como é a avaliação psicológica da criança?

A criança nunca vai dizer que está deprimida. O profissional de Psicologia usa técnicas de ludoterapia para observar essa depressão de forma mais clara através dos desenhos e de testes. Portanto a avaliação psicológica é fundamental como forma complementar e de auxílio de diagnóstico.
É muito importante, tanto para o médico quanto para o psicólogo, procurar sempre conhecer a dinâmica familiar em toda a sua extensão no sentido de buscar a causa da depressão infantil na criança e a partir dela fazer uma intervenção direta. Em algumas situações os pais devem, também, ser orientados a uma terapia familiar.
Caso a depressão infantil não seja diagnosticada e tratada, a tendência é que a doença permaneça à espreita, acompanhando o paciente durante a adolescência e depois na vida adulta. Neste caso, o quadro pode assumir contornos diversos como isolamento, dificuldades de interação social, transtornos alimentares, abuso de drogas e ideações suicidas.
Vale lembrar que depressão é a doença do século e estudos mostram que ela vai aumentar significativamente, vamos começar a tratar as crianças no hoje, para que sejam adultos saudáveis.