Os pais sempre acreditaram que superproteger os filhos era um ato de amor. Porém, quando essa proteção se torna exagerada, logo vêm as consequências e encontramos como resultado crianças inseguras e possíveis adultos frustrados.

Pais que direcionam e facilitam demais a vida dos filhos não dão oportunidade para que eles tentem resolver os próprios problemas, impedindo seu desenvolvimento. O excesso de cuidados pode tornar-se uma doença que prejudica a convivência e integração familiar. E a verdade é que os pais têm que saber dosar e equilibrar os cuidados com os filhos, para que isso não vire uma síndrome obsessiva.

Alguns exemplos do cotidiano para fazer você refletir:

Na rotina do dia a dia, os pais superprotetores ficam inseguros diante de passeios supervisionados pela escola, por exemplo. Estes pais ficam ansiosos e com medo de que algo ruim possa acontecer impedindo sua ida e dificultando a interação social, o desenvolvimento da autonomia e a independência do filho.

A criança esquece-se de levar o caderno para a escola, e você se desdobra para fazer o material chegar lá. Mesmo que seu filho já tenha condições de colocar os brinquedos no lugar, é você que sempre recolhe a bagunça pela casa. Toda vez que sua filha se recusa a jantar, você espera que ela tenha fome e prepara um lanche.

O pequeno fica doente e precisa tomar uma injeção, você compra um presentinho fora de hora para compensar o desconforto. Se alguma das afirmações acima é verdadeira para você, um alerta: essa postura pode estar deseducando sua prole.

Além disso, os pais superprotetores apresentam dificuldades em manter suas relações de modo geral, comprometendo muitas vezes inclusive o relacionamento do casal, pois como o foco central é a vida do filho, as demais áreas da vida não são merecedoras de atenção e cuidados.

Consequências da superproteção:

  • Síndrome do ninho vazio

É uma síndrome conhecida por fazer os pais sofrerem em excesso quando o filho/a está ausente. Essa síndrome é marcada por sentimentos de inutilidade e vazio que tomam conta de pais e mães que constroem suas vidas baseados na dependência maternal ou paternal e sentem-se perdidos diante da ausência deles, como se não tivessem mais objetivos na vida. Isso acontece muito quando eles casam ou saem para viajar ou a trabalho.

  • Decepção

Os pais interiorizaram o que, para eles, é o ideal do filho perfeito e, além disso, nessa esfera de perfeição incluem a si mesmos como figuras de referência imprescindível. No entanto, à medida que o tempo passa, eles veem que, às vezes, seus filhos não se adequam a esses ideais, e aparece então a decepção.

Quando a criança percebe a decepção no olhar dos seus pais, começa a se desenvolver o sentimento de fracasso e de inferioridade. Toda criança deve se permitir fracassar em algo, errar para, depois, poder aprender com seus próprios enganos livremente.

  • Ansiedade e estresse

Um aspecto que devemos levar em conta é que a superproteção anda de mãos dadas com o excesso de “atividades educativas”. É comum que esses pais façam os filhos realizarem várias atividades extracurriculares, sendo que algumas sequer interessam às próprias crianças.

Pouco a pouco, teremos criaturas estressadas e com um nível de ansiedade semelhante ao de um adulto. Os pais que superprotegem uma criança não toleram o erro em seus filhos. Cada esforço que realizam é para criar filhos competentes, imunes ao erro ou ao fracasso, e algo assim é impossível.

  • As crianças superprotegidas chegam a ser seus próprios juízes

Normalmente, às crianças superprotegidas é exigido um nível tão alto a atingir que, quando elas percebem que não serão capazes de alcançá-lo, afundam-se e se culpam. Ou seja, muitas delas, caem na autodestruição.

Existe dose certa de proteção?

A criação com um apego saudável é aquela que favorece o reconhecimento do pequeno para que tenha uma boa autoestima e imagem de si mesmo. Uma criança que se sente protegida e reconhecida por seus pais tem uma autoestima melhor para ter iniciativa, para não ter medo e ir crescendo em maturidade e responsabilidade.

Protegemos as crianças para que não caiam, para que sigam pelo caminho correto, mas essa proteção tem como finalidade fazer com que tenham voz própria e, sobretudo, que possam cometer seus próprios erros e aprender com eles.

O apego e a força do vínculo são indispensáveis, sobretudo nos primeiros anos de vida de nossos filhos. No entanto, desde os 7 ou 8 anos, as crianças vão dar um salto de amadurecimento muito importante.

Em suma, o ideal é os pais fomentarem um tipo de aprendizado baseado na experiência, não em uma superproteção que veta a voz dos pequenos e que lhes dá objetivos irreais que ninguém pode alcançar. Geralmente quando os filhos são criados com base nas descrições citadas, é comum que se tornem pessoas inseguras, inquietas ou quietas demais, indivíduos que tenham muito medo, que não consigam se socializar bem, ou tornem-se pessoas revoltadas ou agressivas, sem gostar de obedecer regras e valorizar o tempo em família, cada pessoa pode ter reações bem diferentes. Em vez de haver uma aproximação com a família, pode desenvolver desejo de isolamento familiar.

Tudo isso pode ser evitado com uma proteção cuidadosa, mas, equilibrada; os filhos precisarão aprender andar com suas próprias pernas, trabalhar, para que consigam enfrentar os desafios do mundo quando os pais não estiverem mais por perto.